Há mais ou menos quinze anos, enfrentei um problema no trabalho: o gestor da época e a educadora de apoio não queriam que eu realizasse uma feira literária com os alunos da quarta série. alegaram que o pátio da escola ficaria sujo e atrasaria o serviço do pessoal da limpeza. Achei aquilo um absurdo e decidi que iria fazer o evento de todo jeito, caso contrário, colocaria a boca no trombone.Fiz um grande cartaz, com um desenho bastante sugestivo e o seguinte poema de Lêdo Ivo, grande poeta alagoano:
Precauções inúteis
Quem tapa minha boca
não perde por esperar
o silêncio de agora
amanhã é voz rouca
de tanto gritar.
Quem tapa meus olhos
nada esconde de mim
sei seu nome e o seu rosto
o lugar que estou
sua noite sem fim.
Quem tapa meus ouvidos
me faz escutar mais
Igualei-me às muralhas
e o silêncio mais fundo
guarda o rumor do mundo.
Quem me quer sem memória
erra redondamente.
Lembro-me de tudo
e, cego, surdo e mudo
até do esquecimento.
E quem me quer defunto
confunde verão com inverno.
Morto, sou insepulto.
Homem, sou sempre vivo.
Povo, sou eterno.
Para os Inimigos da Educação de Paranã-Puca e do continente Brasilis.
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