quinta-feira, 22 de março de 2012

A LENDA DO GRANDE DIÁRIO (Como Paranã-Puca ficou pagando o piso salarial dos professores)

Março de 2010: Na calada da noite, os deputados de Paranã-Puca se reuniram para resolver a questão do piso salarial dos professores. É que Paranã-Puca pagava o pior piso salarial para docentes de todo o Continente Brasilis. Em meio ao rebuliço, o chefe da g..., ops, o presidente da Assembleia Legislativa, bradou em alta voz:
- Nosso Imperador, o Grande Dom Eloá Ramos, precisa manter sua imagem impecável de estadista diante da imprensa e opinião pública e ordenou que sejam anexadas as gratificações e os quinquênios ao salário base dessa categoria! Dessa forma, todos pensarão que houve aumento salarial.
- Mas isso não está certo - falou um tímido deputado da oposição.
- Cale-se - retrucou o presidente, ameaçadoramente.  - É bom que todos votem a favor, senão...
No dia seguinte, Dom Eloá Ramos, após se produzir, anunciou pomposamente para a imprensa:
- Paranã-Puca é o primeiro reino do Continente Brasilis a pagar o piso salarial dos professores!
E foi assim que aconteceu.


Kate Marrone 58 em Notícias de Paranã-Puca.

quinta-feira, 15 de março de 2012

A Lenda do Grande Diário ( A Paralisação dos três dias)

Aderindo à greve nacional de todos os docentes dos reinos que compõem o Continente Brasilis em prol do pagamento do piso salarial estipulado pelo Ministério de Educação e Cultura, os professores de Paranã-Puca paralisaram as aulas e fizeram uma passeata pelas ruas da capital do principado. A manifestação começou com um ato público em frente à  Assembleia Legislativa e de lá todos saíram percorrendo algumas ruas importantes. Então, o Imperador Dom Eloá Ramos, após se produzir, convocou a imprensa e anunciou:
- Irei descontar os dias parados dos profissionais que aderiram à greve!
Segundo o Secretário de Educação André Montes (aquele que teve a visão do Grande Diário), o desconto será feito no contracheque do mês de abril. Enquanto isso, lá no Palácio do Campo das Fadas, Dom Eloá Ramos vociferava:
- Não tem justificativa! Eu assinei! Eu assinei!!!!!!!!!

Kate Marrone 58 em Notícias de Paranã-Puca

segunda-feira, 12 de março de 2012

A nova Bandeira do Continente Brasilis

SENHOR, TENDE PIEDADE DE NÓS!

Senhor, tende piedade de nós!
Pelo Marcos Valério e o Banco Rural
Pela casa de praia do Sérgio Cabral
Pelo dia em que Lula usará o plural

Senhor, tende piedade de nós!
Pela jogada milionária do Lulinha com a Telemar
Pelo dia em que finalmente Dona Marisa vai falar

Senhor, tende piedade de nós!
Pela volta triunfal do "caçador de marajás"
Pelo Duda Mendonça e os paraísos fiscais
Pelo Galvão Bueno que ninguém aguenta mais


Senhor, tende piedade de nós!
Pela família Maluf e  suas contas secretas
Pelo dólar na cueca e pela máfia da Loteca


Senhor, tende piedade de nós!
Pela invejável "cultura" de Adriane Galisteu
Pelo "picolé de chuchu" (Alckmin) que esquentou e derreteu
Pela infinita bondade do comandante Zé Dirceu


Senhor, tende piedade de nós!
Pela eterna desculpa da "herança maldita"
Pelo "chefe" abusar da birita
Pelo penteado da companheira Benedita


Senhor, tende piedade de nós!
Pelo Ali Babá e sua quadrilha
Pelo Zé Sarney e sua filha

Senhor, tende piedade de nós!
Para que possamos ter muita paciência
Para que o povo perca a inocência
E proteste contra essa indecência


Senhor, dai-nos a paz!


Autor desconhecido

sexta-feira, 9 de março de 2012

PRECAUÇÕES INÚTEIS (Lêdo Ivo)

Há mais ou menos quinze anos, enfrentei um problema  no trabalho: o gestor da época e  a educadora de apoio não queriam que eu realizasse uma feira literária com os alunos da quarta série. alegaram que o pátio da escola ficaria sujo e atrasaria o serviço do pessoal da limpeza. Achei aquilo um absurdo e decidi que iria fazer o evento de todo jeito, caso contrário, colocaria a boca no trombone.Fiz um grande cartaz, com um desenho bastante sugestivo e o seguinte poema de Lêdo Ivo, grande poeta alagoano: 


Precauções inúteis


Quem tapa minha boca
não perde por esperar
o silêncio de agora
amanhã é voz rouca
de tanto gritar.

Quem tapa meus olhos
nada esconde de mim
sei seu nome e o seu rosto
o lugar que estou
sua noite sem fim.

Quem tapa meus ouvidos
me faz escutar mais
Igualei-me às muralhas
e o silêncio mais fundo
guarda o rumor do mundo.

Quem me quer sem memória
erra redondamente.
Lembro-me de tudo
e, cego, surdo e mudo
até do esquecimento.

E quem me quer defunto
confunde verão com inverno.
Morto, sou insepulto.
Homem, sou sempre vivo.
Povo, sou eterno.


Para os Inimigos da Educação de Paranã-Puca e do continente Brasilis.

domingo, 4 de março de 2012

A LENDA DO GRANDE DIÁRIO (O Prefeito de Yapoatan)

Sir Enias Fontes é o prefeito de Yapoatan, antiga província de Paranã-Puca. Ele não pertence ao clã político do Imperador Dom Eloá Ramos, mas é tão vaidoso e gosta de perseguir os funcionários públicos quanto o impiedoso monarca.Há alguns meses sua imagem apareceu nos outdoors da província, comemorando sessenta anos de vida e apresentando sinais visíveis de botox.
Sir Enias , após três anos apenas cuidando de sua beleza, e querendo ser reeleito, vive agora tapando os buracos das ruas e asfaltando-as. O serviço, porém, é realizado de surpresa, sem sinalização, causando transtornos aos motoristas da  província.
Recentemente, ele compareceu à inauguração de um campo de futebol que já existia há mais ou menos vinte anos, com direito a discurso e queima de fogos no conjunto residencial que tem o nome de um arcebispo famoso.
Enias Fontes diz que "está trabalhando por uma nova cidade".


Kate Marrone 58 em "Notícias de Paranã-Puca."

sábado, 3 de março de 2012

(Descrevo o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia)

"A cada canto um grande conselheiro,
que nos quer governar cabana, e  vinha
não sabem governar  sua cozinha,
e podem governar o mundo inteiro...

Em cada porta um frequentado olheiro,
que a vida do vizinho, e da vizinha
pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha.
para levar à Praça e ao Terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
trazidos pelos pés os homens nobres,
posta nas palmas toda a picardia.

estupendas usuras nos mercados,
todos, os que não furtam, muito pobres,
e eis aqui a cidade da Bahia."


GREGÓRIO DE MATOS: poeta barroco (1623/1696),nasceu em Salvador-BA e morreu em Recife-PE. Por sua poesia satírica, recebeu a alcunha de"Boca do Inferno."